segunda-feira, 14 de novembro de 2011

MÃES NATUREZA

Dia desses estava em uma praça que fica pertinho do nosso apartamento em Porto Alegre, onde passamos alguns finais de semana (o restante do tempo, em função do trabalho do marido, moramos no interior do Estado), e reencontrei um grupo de mães que já tinha visto lá mesmo, em outra oportunidade.

Do outro encontro, já sabia que eram mães super desencanadas... As crianças engatinhavam livres pela praça, caíam na caixa de areia, eram auxiliadas por qualquer um que presenciasse suas dificuldades... Enquanto isso, as mães papeavam sobre receitas de barrinhas de cereal. Sim, por que aquelas mães não se importam que os filhos rolem pela areia da praça, que comam a areia da praça, desde que comam, também, barrinhas de cereal caseiras...

E da primeira vez eu cheguei lá com meu super pacote de lenços umedecidos, que eu usava para limpar as mãos e o rosto da MC de vez em quando... E o lanchinho de praça da MC era um pacotinho de bolachas compradas em supermercado, dessas que carregamos na bolsa para matar aquela fominha básica. E as mães da praça me olharam esquisito por que minha filha comia bolachinhas industrializadas, enquanto eu não podia entender como os filhos delas rolavam na areia daquela forma, sozinhos, antes mesmo de poderem caminhar...

Desta vez eu não levei lanche por que o passeio era rápido. As crianças que antes engantinhavam pela praça já correm e sobem sozinhas no escorregador, sem qualquer supervisão se não a de outros pais solidários e precavidos que estão por perto... As mães da praça continuam falando sobre alimentos integrais e receitas naturebas.

No finalzinho da tarde, quando MC já estava no carrinho, pronta para irmos embora, uma das mães da praça chamou a criançada, que tem entre um e quatro anos, e deu uma banana para cada um. Fiquei só observando. As crianças descascaram suas bananas, entregaram as cascas para a mãe-fornecedora-das-bananas e comeram, vorazes, o lanchinho. Tudo lindo, não fosse o contraste das mãozinhas, pretas de sujeira, com a brancura da fruta. Para mim, foi chocante. Minha filha nunca comeu barra de cereal caseira, mas também não come banana como areia da praça. Mas todos crescem felizes, e eu apelidei as mães da praça de "mães natureza".

Deus proteje as crianças que come Club Social assim como proteje as que comem banana com sujeira. E viva o anjo da guarda!